Não há dúvidas de que existem inúmeras formas de amar, de demonstrar amor por alguém e, essa quantidade enorme de perspectivas pode ser positiva, porque nos abre possibilidades diferentes de o sentir e o transmitir. Mas, por outro lado, essa tal liberdade pode nos confundir, por não ser algo racional, exato e matemático, o amor consegue pregar algumas peças nas pessoas.
Eu sou defensora do amor livre, entendo que cada pessoa e cada par possuem o livre arbítrio de combinar a forma com que vão se relacionar e isso é algo que diz respeito a eles, e apenas a eles. Contudo, se o jeito do seu parceiro de te amar perpassa por indiferença, manipulação, mentiras, egoísmo, agressões…alguma coisa não está fechando aí, sabe?
Quando você internaliza o entendimento de que, independentemente de como o amor do outro é transmitido, ainda sim é amor, pode acontecer de você se apropriar de todos os problemas e dificuldades da relação para justificar a forma com que é tratada. Então, é capaz de passar pela tua cabeça que “eu não sou carinhosa o bastante com ele, por isso que ele me trata dessa forma às vezes” ; ou “eu não estou me dedicando o quanto eu gostaria”; ou “a minha mãe me fala mesmo que eu sou uma pessoa difícil de lidar e que eu deveria agradecer por ele me aguentar”; ou ainda “é meu dever como parceira manter relações sexuais sempre que ele quiser, eu mereci tal tratamento”. Assim, dessa forma, você acaba por assumir toda a responsabilidade pelo seu relacionamento e também da mudança que precisa ser feita. Você assume tudo pelo outro e isso, para dizer o mínimo, não é justo.
Além disso, quando você elabora que esse é o jeito dele de te amar, você também está, como diz meu pai, entendendo que um problema sem solução, solucionado está. Se é assim que ele demonstra que te ama, mesmo que não seja a forma que bem lá no fundo você gostaria de ser amada, ainda assim é amor, né? E um amor assim, é melhor do que amor nenhum, certo? NÃO, ERRADO! Muito pelo contrário, amor nenhum, por vezes, é melhor e mais saudável do que um amor torto, um amor abusivo, um amor que não encaixa com o teu tipo de amor.
Eu sei, é uma luta constante trilhar o caminho do amor próprio. Principalmente nesse contexto que estamos vivendo. Apenas tente se lembrar de que, quem veste a tua pele e passa por todas as tuas dificuldades é você mesma e não os outros e de que você não precisa aceitar menos do que merece.